É empreendedor, vamos ver mais uma dessas histórias que deveriam servir como manual do que não fazer com a sua marca. A Jaguar — sim, a Jaguar, a marca clássica de carros de luxo britânicos, sinônimo de elegância, potência e tradição — resolveu “atualizar” a identidade visual. Até aí, tudo bem. Marcas evoluem, passam por rebranding, acompanham os tempos. Mas uma coisa é evoluir. Outra bem diferente é rasgar o próprio passado e cuspir na história que construiu tudo. Aliás, eu falei sobre isso aqui.
E o que eles fizeram? Resolveram lacrar. Pois é. Porque nenhum marca, recentemente, teve essa mesma ideia de entrar na lacração pra atrair um público que evidente e abertamente caga pra elas, né? Não é Disney? Não é, Buddy light? Não é Bradesco? Enfim, são tão geniais que ele tiraram o jaguar do logo. Sim, você leu certo. A Jaguar, sem jaguar. É como se o McDonald’s decidisse tirar os arcos dourados e dizer que agora só trabalha com salada sem glúten. Coerência? Nenhuma. Inteligência estratégica? Zero. Resultado? A agência responsável pelo comercial “lacrador” já foi chutada e, veja só, as vendas da marca caíram 1,7% no último trimestre.
Difícil imaginar como ninguém viu isso vindo.
Você consegue ver a turma do “amor é amor”, “natureza é mãe” e “liberdade é tudo” correndo para comprar um carro de luxo britânico que sempre foi símbolo de status e masculinidade? Não dá. E não é porque esse público não merece um Jaguar. É porque esse público não quer um Jaguar, p#rra! Eles não se identificam com a linguagem da marca, com o histórico dela, com o que ela representa. Nem é questão de preço, porque tem lacrador que é rico pra cacete.
Essa galera a quem a Jaguar resolveu fazer um aceno sequer está no mercado consumidor dela. É um público que admira posts, compartilha campanhas “inclusivas”, comenta “arrasou” e depois pega um Uber para casa.
E aí, meu caro empreendedor, fica a pergunta: por que diabos uma marca tão sólida e tradicional tentaria se reinventar para agradar quem não vai comprar?
É a síndrome do “precisamos ser modernos”. Uma febre que tomou conta das grandes corporações, onde jovens executivos com MBA em progressismo digital decidem que o passado é um problema a ser resolvido. São eles que chegam dizendo que vão “revolucionar”, mas começam mesmo é descartando tudo que foi construído até ali. É o clássico “cheguei ontem, mas sei mais que você”.
Agora nosso 007 é um chorão que fica gadoso. Os líderes vikings são mulheres negras. A Branca de Neve não é branca. E é feia. E agora o Jaguar não tem mais jaguar. Porra, bicho, o churrasco vegano vai deixar de ser excentricidade e virar regra daqui a pouco.
E é aí que o marketing vira suicídio.
Empreendedor, entenda: tradição é um ativo. Marca é memória. E fidelidade de cliente não se compra com “mensagem bonita”, mas com coerência. Quem compra Jaguar compra história. Compra exclusividade. Compra uma narrativa de poder, de performance, de classe. Quando você tira isso, o que sobra? Um carro caro, sem alma. Aliás, o carro elétrico da Jaguar é ridículo de feio. É melhor poluir o ambiente. Um comercial genérico tentando viralizar. Um logo frio, sem bicho, sem vida. Sem identidade.
A decisão da Jaguar mostra um erro clássico: colocar o branding na mão de gente que odeia o próprio produto. Que vê o passado da marca como um “problema a resolver”. Que prefere agradar colunistas de site progressista do que quem assina o cheque na concessionária.
E olha que não é exclusividade da Jaguar. Tem muita marca por aí enfiando goela abaixo discursos que nada têm a ver com seus produtos, só para mostrar que estão “alinhadas com a nova geração”. Mas quem está pagando as contas ainda é o cliente antigo. Aquele que foi leal por décadas. Aquele que, do nada, se sente ignorado, desrespeitado, substituído.
Meu caro empreendedor, talvez a lição aqui seja menos sobre a Jaguar e mais sobre você. Sua marca também tem alma? Tem identidade? Tem uma base fiel? Ótimo. Proteja isso com unhas e dentes. Não caia na tentação de virar “moderno” a qualquer custo. Não troque legado por curtidas. Curtidas não pagam boletos. Lacração não paga folha de pagamento. Coerência sim. Valor percebido sim. Respeito ao seu próprio caminho sim.
O que está acontecendo no mercado é um festival de marcas que estão cuspindo nos próprios pés para agradar quem não vai comprar. A Jaguar só é o exemplo da vez. Amanhã será outra. E, enquanto isso, as vendas seguem caindo. Os acionistas perdem paciência. E a confiança do público — essa sim, quando vai embora, não volta.
Então, fica o toque: tradição não é inimiga da inovação. Mas é preciso entender que mexer na essência de uma marca clássica não é ousadia. É burrice. Se você tem uma marca que as pessoas reconhecem e respeitam, não mude tudo só para agradar meia dúzia no Twitter.
Gostou do texto? Curte aí, ajuda demais o colunista. De repente eu até compro meu Jaguar!
E claro, quero saber a sua opinião. Acha que a Jaguar exagerou? Ou isso tudo é parte de uma transformação inevitável? Comenta aí embaixo. Vamos conversar.
Até a próxma semana!