Domingo, 16 de março de 2025 – 20:04h
Festa Café da Tarde
Mais uma vez presente no Café da Tarde. Assinado pelo atento Luiz Talibertti, o rooftop do bar e restaurante Carola (Consolação)por um único domingo, floresce ao som do House, Disco, Afro House e Brasilidades. Enfileirados assistimos os DJs Talibertti, Afrohaux, Chris Prado e Marcelo Oliveira, numa delícia de combinação sonora para harmonizar os chacras e os nervos. O clima de restaurante se mistura ao tom do evento, estimula sabores e drinks. Cada DJ elevando a atmosfera a um novo patamar. A casa vibra alto num ritmo envolvente, um convite para curtir, trocar ideias e criar novas conexões nesse banho de som refinado e alegre; a cara de Talibertti. Afinal, ele é chato prá música – exigência essa que desejo vida longa e próspera.
Luiz, muito bom estar aqui. Adorei essa jornada, que tú já desenhas há tempos (um visionário). Desde que nos conhecemos, noto a evolução desse projeto, e é lindo acompanhar essa caminhada sonora e a construção desse sentimento de acolhimento que a festa propõe. Tenho de destacar também objetivo do projeto Café da Tarde: a cada edição, a festa invadirá um espaço diferente por entre os tantos recantos desta nossa metrópole. Um tipo de desafio para a produção desta sinfonia de detalhes, materializarem esse tempo sensorial para curtirmos.
Também vim para saborear um pouco dessa tendência de eventos acontecendo mais cedo, que Luiz batalha há quatro anos. Confesso, estou adorando essa sabedoria sobre o tempo para se divertir. Sempre fui fã do período da tarde, dessa transição sutil do dia para a noite. Acho um momento riquíssimo, algo que merece ser degustado. Além disso, amanhã é segunda-feira e faz todo sentido não estender a festa até a madrugada.
Essa proposta de evento à tarde está crescendo no mercado desde a retomada pós-pandemia, e a Geração Z soube incorporá-la muito bem. Vejo isso como uma revalorização do convívio, do cronograma do sono, da qualidade de vida. Afinal, precisamos estar inteiros para o dia seguinte. E eventos assim maximizam aquela sensação que você volta para casa melhor do que quando saiu. Mais satisfeito por incorporar um domingo mais bem aproveitado.
O mais interessante é perceber como esse formato resgata algo que minha geração parecia ter esquecido: o dia como parte integrante do lazer. Para nós, o dia era ocupado com trabalho ou obrigações. A diversão ficava espremida na madrugada. Mas por que não distribuí-la ao longo de diferentes momentos? #FicaLokaMasNãoFicaBurra
Outra tendência que dialoga com esse movimento é a redução do consumo de álcool. Há uma busca por mais lucidez, por uma socialização que permita conversas mais ricas e conexões mais autênticas. Em muitos cenários, a experiência vem sendo dominada pelo excesso de drogas, do uso da ostentação como expressão calada, de estímulos visuais avassaladores. Aqui, no Café da Tarde, o foco está no encontro, na música e na troca de emoções – estou falando de dopamina das boas.
E há também uma inteligência mercadológica nessa história. O espaço onde estamos agora consegue operar de dia e, com algumas adaptações, se estender para além do horário tradicional. Se fosse na época da minha geração, o domingo terminaria cedo e esse espaço provavelmente já estaria fechado. Agora, os negócios entendem que podem se transformar e atingir novos públicos, girando a engrenagem do entretenimento.
E para mim, faz todo sentido.
Vida longa ao som bom (em um bom som).