A cada edição da série “Explorando Sonoridades”, pretendo gerar uma sensação de mergulho em uma seleção de artistas e faixas que ampliam horizontes musicais, trazendo novas texturas e atmosferas sonoras. Nessa oitava edição, nossa jornada passará pela eletrônica orgânica peruana que funde o antigo e o inovador, teremos um deep house soulful que remexe nossos sentidos, a inconfundível influência africana fusionadas ao dub, uma novo olhar que nasce na MPB contemporânea e visitaremos ritmos tropicais com identidade brasileira-jamaicana. Dê o play e aproveite!
Reuni esses seis artistas e sobre cada um deles, o meu desafio é indicar uma faixa que melhor expresse a alma destas obras. Venha nesse jukebox que criei no Spotify para você clicar antes de ler o texto: Explorando Sonoridades 08 – 14.02.2025 – nessa playlist você poderá ouvir cada uma destas canções e serve como uma porta de entrada para os trabalhos de cada artista.
1)- Artista: Novalima – Álbum: La Danza (2025)
Me deparei com a banda peruana Novalima, descobrindo que eles tem sido uma das grandes representantes da fusão entre ritmos afro-peruanos e eletrônica moderna. Desde sua formação, o grupo tem explorado texturas sonoras que combinam batidas tradicionais com elementos contemporâneos, criando um som autêntico e dançante. Na faixa “Canto Del Agua”, os ritmos tradicionais dos Andes e da costa peruana encontram baixos pulsantes e camadas sintetizadas que evocam tanto a ancestralidade quanto a modernidade da pista de dança. A percussão marcante e a linha melódica hipnótica fazem da faixa um exemplo perfeito do legado inovador da banda. Um descoberta para ouvir de peito aberto.
2)- Artista: Monique Bingham – Single: You.Me.World (2011)
Nome lendário do soulful house, Monique Bingham é uma das vozes mais respeitadas do gênero, trazendo profundidade emocional e riqueza melódica a cada uma de suas faixas. Com uma carreira que abrange décadas, sua colaboração com produtores renomados como Black Coffee, sempre resulta em faixas envolventes. Em “You.Me.World”, sua voz cheia de sentimento se entrelaça com uma base instrumental sofisticada, criando uma experiência sonora que cativa desde a primeira audição. Neste single existem 11 versões para a mesma música. Escolhi a versão remix de Leighton Moody Soulside Up Mix, pois acredito que essa faixa ganha ainda mais groove, com um toque elegante de deep house e harmonias refinadas, criando a atmosfera perfeita para quem curte house music de alma vibrante. Afaste os móveis e dance pela casa.
3)- Artista: Laroz – Single EP: Nikiwa (2025)
Já abordei outros lançamentos deste produtor aqui na Explorando Sonoridades e volto com Laroz num lançamento fresquinho. Ele é conhecido por suas incursões no universo do dub e da eletrônica global, traz uma sonoridade que mescla influências africanas, elementos psicodélicos e uma pulsante base eletrônica. Seu trabalho se destaca pela capacidade de transportar o ouvinte para um universo sonoro etéreo e imersivo. No EP Nikiwa, constam duas faixas, onde trago luz sobre a música “Johnny”, onde percebemos sua linha de baixo pulsante e um vocal hipnótico que remete às paisagens desérticas e misteriosas do Oriente Médio, em um convite irresistível ao transe musical. A faixa reflete a assinatura singular de Laroz, onde o orgânico e o digital se encontram de forma sublime. Um deleite para tempos de afro house em alta.
4)- Artista: BaianaSystem – Álbum: O Mundo Dá Voltas (2025)
Considero essa banda um dos ícones do cenário da música brazuka (ainda mais depois de vivenciar a potência sonora do trio elétrico Navio Pirata). BaianaSystem retoma sua ritmada para mais esse carnaval, agora com o álbum recém-lançado O Mundo Dá Voltas, onde temos então um disco repleto de boas colaborações. A banda tem se consolidado como uma das mais promissoras da cena nacional, trazendo um som que mescla influências do samba, do funk e do pop brasileiro. Difícil escolher uma só mas trago destaque para a faixa “Praia do Futuro” onde temos a parceria da voz inconfundível de Seu Jorge. Uma sonoridade mais leve do disco, que mistura MPB e samba-funk, criando uma narrativa sonora que convida ao balanço e à reflexão sobre as transformações do tempo. A faixa destaca uma letra introspectiva e ao mesmo tempo esperançosa, ilustrando a dinamicidade da vida e das escolhas que fazemos ao longo do caminho. “E lá vou eu, gastando a sola do sapato…”. Bom carnaval para todos nós.
5)- Artista: Gabi Lins – Single: Limão (2024)
A nova MPB não para de se remodelar e revelar talentos como Gabi Lins, que descobri sobre seu repertório nesse mês. Gabi Lins tem se destacado no cenário da nova MPB, trazendo letras poéticas e um som que transita num tipo de folk baiano, uma bossa mais saliente, adicionado de um pop alternativo. Ela tem trabalhos até mais novos que esse single. Mas foi em Limão (parceria com Clara Valverde) que ela me conquistou totalmente. Temos uma faixa fresca e intimista, batida baiana swingada e com letra sedutora – ‘gosto que não sai da tua boca’. Com melodia leve e um groove indie, a canção evoca os encontros despretensiosos, os amores de verão e a doçura ácida das relações passageiras. A parceria com Clara Valverde adiciona uma camada extra de delicadeza à faixa, resultando em um dueto envolvente que celebra os pequenos momentos da vida com sutileza e emoção. Abre alas, o Brasil tem muito o que apresentar.
6)- Artista: Nabiyah Be – Álbum: O Que O Sol Quer (2025)
Estou pasmo como não sabia da existência dessa fúria da natureza chamada Nabiyah Be. Ela é uma cantora de origem brasileira-jamaicana e por isso carrega em sua musicalidade a potência das suas raízes. Vasculhando seu repertório achei até uma participação bem bacana dela com Margareth Menezes. Nabiyah Be foi criada em um ambiente que misturava a vibração do reggae, as delícias do soul e toda a elegância do jazz, portanto, sua identidade artística reflete essa diversidade de influências. Trago holofotes para a faixa “Alice” que é uma fusão de reggae, soul e jazz, entregando uma viagem sensorial com interpretação cheia de emoção e autenticidade – um resultado luxuoso e vibrante. A instrumentação rica e a letra carregada de poesia tornam essa faixa uma experiência que transcende gêneros, consolidando Nabiyah como uma das vozes mais promissoras da música contemporânea. “Gostei do seu jeito / Gostei da sua ginga / Moleca gringa”.
A cada nova edição do Explorando Sonoridades, seguimos navegando por mares sonoros que misturam tradição e inovação, batidas pulsantes e melodias envolventes, vozes marcantes e experimentações sonoras. A música tem esse poder de nos transportar para diferentes universos e nos conectar com culturas, histórias e emoções. Espero que essa seleção tenha expandido seus horizontes musicais e instigado sua curiosidade. Aperte o play, porque o mundo da música é infinito e sempre reserva surpresas. Nos vemos na próxima jornada sonora!
Vida longa ao som bom (em um bom som).