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Esperando o Navio Pirata atravessar o Ibirapuera



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Adoro a explosão chamada BaianaSystem. Desde seu nome, as parcerias incríveis, a sonoridade inquieta e universal. Uma legítima entrega do que só a Bahia sabe misturar para ver no que vai dar. Uma exportadora de ritmo e vital para chacoalhar a cultura brasileira. Para essa banda não há limites terrestres que impedirão essa hecatombe poética de trazer suas canções alegras e de protesto. Mas o que mais gosto, sem dúvida, é a musicalidade sustentada por um caleidoscópio vibracional muito bem arquitetado.

Em seu último lançamento chamado O Mundo Dá Voltas (lançado em 16/01/2025), temos uma mixórdia sonora quase ecumênica, de tamanha genialidade e formosura musical. Como assim? Sinto fúria nos beats, mas as músicas de tão bem construídas, conquistam nosso ritmo celular pela cadência do balanço desse navio feito para nós gastarmos sola de sapato no asfalto.

“Hoje vai ter Balacobaco.

Tem pandeiro e tem Cavaco.

Samba de prato, ninguém vai dar pitaco”.

Na faixa “Agulha”, um tipo de bolero latino-brasileiro, ricamente orquestrado e dedilhado, recebe a voz da Claudia Manzo, cantora e musicista brachilena, para conduzir a canção com sua maneira linda de projetar tradição e emoção.

Em “A Lage”, temos uma parceria com Emicida, Melly e Kandace Lindsey – um duelo dessas vozes para contar um tipo de história-poema, que analisa os rumos político-social de nosso país. Com uma batida marcada, estilo locomotiva, assistimos um rico uso da linguagem rimada que nos traz questionamentos sobre onde tudo isso vai parar. É muita energia em forma de música. Isso sem falar da ‘sensação sinfônica’ que acompanha cada cena dessa mensagem social. São várias vozes se sobrepondo como um balé de sensações e texturas de rimas, se somam a um refrão marcante.

Na faixa “Praia do Futuro” temos a voz inconfundível de Seu Jorge. Uma das sonoridades mais leves do disco, que mistura MPB e samba-funk, criando uma narrativa sonora que convida ao balanço e à reflexão sobre as transformações do tempo. Destaca uma letra introspectiva e ao mesmo tempo esperançosa, ilustrando a dinamicidade da vida e das escolhas que fazemos ao longo do caminho. “E lá vou eu, gastando a sola do sapato…”.

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Para “Pote D’Água”, dedico minha alegria de ouvir Gilberto Gil nessa parceria com estilo de um jongo futurista. E como todo jongo, a letra cantada por duas ou três pessoas, se perde por entre os instrumentos e se torna parte de todo o ritmo, sem necessariamente mostrar uma mensagem clara.

Em “Cobra Criada / Bicho Solto”, a voz de Pitty se junta a tecnologia do DJ Vandall para criarem esse samba marcado, com ares de pagode raiz. Traz a energia percussiva do axé, unida a guitarras marcantes, criando um swing funkeado irresistível.

Com a faixa “Balacobaco” fui transportado para o asfalto e me vi ao lado do trio Navio Pirata que vai atravessar o Parque Ibirapuera no dia 08.março, no pós-carnaval. É rock, é axé, é jongo, é pagode incrementado… não tente buscar uma razão, apenas sinta a vibração enérgica que brota dessa fúria musical. Juntam-se para contar essa história tipo ‘faroeste caboclo’, Anitta e Alice Carvalho para declamarem um longo manifesto sobre resistência e autoconfiança. A repetição da frase “o mundo dá voltas”, sugere nossa eterna necessidade de se adaptar as transformações que a vida impõe. Questões sociais e políticas que destacam as desigualdades por entre as regiões brasileiras.

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Nas faixas “Palheiro”, “O Mundo Dá Voltas” e “Ogun Nilê, temos melodias quase instrumentais de curta duração, com quase dois minutos cada. Um charme de musicalidades que adornam o álbum. Brilhos dentro desse caldeirão explosivo de amor e verdades.

O BaianaSystem segue navegando sem fronteiras, misturando ritmos, vozes e mensagens como um verdadeiro manifesto sonoro. Em ‘O Mundo Dá Voltas’ temos mais que um álbum, é um chamado para sentir, dançar e questionar. E quando o Navio Pirata cruzar o Ibirapuera, serei mais daqueles gastando sola de sapato, embalados por essa fúria musical que sacode tudo ao redor.

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Bom carnaval para todos nós.

Vida longa ao som bom (em um bom som).

Leollo Lanzone


Leollo Lanzone

Leollo Lanzone é o alter ego de Mauro Galasso, que é de verdade, mas não cabia numa persona só. Tem olhar objetivo e sensível, tem o hábito de montar playlists, adora dançar eletrônico, sabe cozinhar, falar de amizade e tem opinião sobre quaaase tudo.


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