Essa casa mudou a minha percepção sobre o que a música eletrônica. Foi então em 2008, nas noites de quarta que acontecia a antológica festa CIO (selo de Glaucia ++), que me vi dentro de uma experiência sensorial fenomenal. Estar envolvido por um som potente e muito regulado (por isso nem precisa ficar tão alto assim), numa grande caixa de luz rítmica, me pareceu o melhor lugar para estar nessa megalópole chamada São Paulo.
Ganhei a sintonia com a casa, fiz amizades pela pista e pude deliciar inúmeras apresentações bacanas dos mais variados DJs que ali se apresentavam. Adicionei também visitas às noites de sexta Freak Chic, para perceber mais nuances que a música eletrônica poderia formar na minha cabeça. Depois disso, circulei melhor por outros clubes, já que meus ouvidos já tinham nova postura musical.
Gosto de lembrar que foi na D-Edge que tive oportunidade de ouvir o maior número de DJs diferentes.
Dentre tantas incríveis memórias na D-Edge, lembro da vez que vi O Embaixador (Renato Ratier) ser barrado em sua própria casa noturna, por um segurança desavisado que não aceitava que Ratier “furasse a fila”. Eu vivi para isso… kkkk
A COMEMORAÇÃO – 12 horas de som distribuidas entre 04 palcos. Dificil dar conta de toda programação que alinhou 25 apresentações de tirar o chapéu. Adorei ver as pessoas consultando a programação caprichada e se movimentando pista por pista. Um tipo de atividade que movimenta as energias das pistas que exalavam aroma de alecrim. Uma fluidez do público que cria seu próprio roteiro, indo atrás dos diferentes DJs que rechearam essas horas em som.
Muitas horas para curtir e não faltaram amigos para brindar esse tempo em som. Cheguei as 22:30h e saí as 07:00h, com sol a pino. Tempo para um itinerário sonoro genial com amigos especiais.
Deu tempo também para uma parada nos carrinhos de lanche posicionados a frente da pista principal, assim enquanto abastecemos as energias, dava para curtir o gringo tocando suas peripécias musicais. Depois, segue o bonde de volta para pista Concept para pegar um tempo com o mestre Gui Boratto.
Dentre o que consegui presenciar, belas memórias vou levar comigo dessa festa maia que especial.
PISTA LEGEND
. DJ Lycra Preta – soulful e deep para recepcionar a todos nós – é disso que tô falando.
. Lu.Cian – aqueceu o recinto, quebrou o gelo e unificou nossos sentidos num mesmo compasso. Momento em que a casa já se fazia cheia.
. Armand van Helden – confesso que ouvi apenas enquanto fazia minha merendinha e posso dizer que manja muito dos comandos das pick ups e preferiu tocar sobre solvancos e piruetas musicais (pouco dançante).
. Renato Ratier – o embaixador começou sobriou na batida, mas elevou beat por beat até alcançar um alto nível no grave bem ajustado.
PISTA CONCEPT
. Sébastien Léger – uma inexperada sonoridade alinhada de tal maneira, que enebriou toda a pista em ondas de techno, deep, soulfoul e house. Um lindo trabalho dele, com um magnifico resultado em nós. Sem dúvida uma das apresentações mais concorridas da noite.
.Facundo Mohrr – eu que ouvi pela primeira vez, adorei sua proposta pulsante e viradas inusitadas.
. Gui Boratto – esse mestre pode fazer o que quiser, .as optou em nos mostrar uma experiência imersiva, com sonoridades conceituais. Um passo a passo muito bonito de presenciar e sentir a escala de energia subir a cada faixa que ele emendava para nós. Até a próxima oportunidade meu divo.
PISTA WILD
. Guss b2b Meriva – dupla endiabrada que riscou o chão com uma sonoridade impactante e enérgica.
. Sarah Stenzel – já conhecia seu som, mas a primeira vez ao vivo. Fiquei feliz pela recepção que a pista calorosamente dedicou a sua apresentaçâo. Uma delicada sonoridade salpicada de brasilidades.
. Moblack – sigo seu perfil no streaming e foi lindo ouvir cada faixa que gosto de seu som. Ele que é um mestre do afro house, mesclou seus trabalhos com sucessos da cena global. Palmas e mais palmas.
. Bora Uzer – peguei apenas um tempinho com ele. Suficiente para notar sua habilidade de performar os comandos das pick ups.
PISTA FUTURE
. Sheldon b2b Priscila Diaz – único momento que estive nessa pista, vi uma jovialidade nos beats aliada a um profissionalismo imenso sobre aquilo que explodia dos altofalantes mega modernosos. Mas como o cansaço já estava grande, saí de fininho e deixei esse som bacanérrimo para trás. É sempre melhor ir embora enquanto tá bom.
Depois dessa joranada posso dizer que fexxtão da porra. Vibrar esse energia de 25 anos foi uma delícia e um desafio para acompanhar as 04 pistas. Parabéns a esse projeto que sempre levou a sério o som bom (em bom som), abrindo espaço para mentes hábeis, sensíveis e criativas,
Parabéns à D-Edge e que venham mais 25 anos em som.
Sensacional 🙂