Olá, meus caros leitores de 40 anos ou mais. Estava eu preparando a minha coluna desta semana, quando de repente, num desses rompantes que a vida nos oferece, eu atinei para algo muito importante: nesse ano, já fazem 30 anos que Jurassic Park estreou. E por isso, tive que atrasar a coluna e reescrever tudo, porque um filme como esse, não pode passar em branco.
Quem, entra queles que tiveram a oportunidade de assistir a esse filme no cinema, não se lembra de ficar boquiaberto quando, pela primeira vez, dinossauros realistas tomaram a cena? Quem é mais novo não se lembra, mas antes desse filmaço de Spielberg, os dinossauros no cinema tinham a tendência de ser mais monstros que animais plausíveis. Assim, quando o braquiossauro entra em cena, e domina a tela completamente, eu, no auge dos meus 12 anos, já entendi: aquele filme seria uma experiência que mudaria os rumos da minha vida. Mas o que faz realmente esse filme ser tão maravilhoso?
Na minha opinião, a direção absolutamente magistral de Spielberg, não a toa meu diretor favorito, é o elemento principal, que, a frente de todos os outros, faz com que a gente se cative e fique completamente entregue à história. Repare como ele já abre o filme nos mostrando uma verdadeira cena de horror, nos jogando nas consequências horrendas que aquele universo, aquela criação, pode oferecer aos nossos protagonistas. Isso te ajuda a antecipar e ficar empolgado com as possibilidades do que vem a seguir. Em resumo: Spielberg já abre o filme nos deixando nas mãos dele.
A genialidade de Spielberg na direção brilha em como ele usa os dinossauros de forma astuta e econômica para construir um suspense implacável. Semelhante à sua abordagem em “Tubarão” (1975), ele entende o poder da sugestão, permitindo que nossa imaginação preencha os espaços em branco com horrores indizíveis. Ele entrelaça a ameaça dos dinossauros com a sensação de escala vertical, dando-nos uma compreensão visceral da enormidade dos personagens diante dessas criaturas gigantescas. Na cena do braquiossauro, já mencionada, repare como os atores surgem pequenos na tela, em comparação ao bicho, e compreenda como essa escala faz com que a gente sinta medo da situação daquelas pessoas em relação aos dinossauros.
Seu dom para a criação de tensão é comparável à espera por um dinossauro faminto aparecer na tela. Ele habilmente nos mantém à beira do assento, trocando entre a calmaria e o caos em um piscar de olhos. Quem poderia esquecer aquela famosa cena do Tiranossauro Rex na chuva? Spielberg transformou os sustos em arte.
Quando se trata de efeitos visuais, o filme também é revolucionário: a combinação magistral de efeitos práticos, como os animatrônicos impressionantes criados por Stan Winston, com os novos e empolgantes efeitos digitais criou uma experiência cinematográfica totalmente imersiva. Ainda é de arrepiar pensar que um tiranossauro tão realista é, na verdade, um gigantesco boneco em movimento. Essa mistura de técnicas é um testemunho da visão técnica de Spielberg e do seu desejo de nos fazer acreditar na magia das criaturas antigas.
Jurassic Park foi mais do que apenas um sucesso nas bilheteiras; foi um divisor de águas na indústria cinematográfica. Em 1993, a tecnologia estava evoluindo rapidamente, mas o público ainda não tinha visto nada parecido com os dinossauros incrivelmente realistas que invadiram a tela. O filme desencadeou uma onda de inovação na forma como os filmes eram produzidos, pavimentando o caminho para uma nova era de efeitos visuais e narrativa cinematográfica.
Meu personagem favorito, já que esse é um texto do fundo do coração, é sempre o inicialmente carrancudo Dr. Alan Grant – Interpretado por Sam Neill. Seu arco, de um homem endurecido que não gosta de crianças, a alguém que aprende a valorizar o espírito da maravilha, e, principalmente, protetor das duas crianças que acabam sob sua responsabilidade, é uma jornada de crescimento emocional que nos mantém torcendo por ele, e quem o acompanha, pelo filme todo. Ao final, sua transforção pessoal é muito evidente, e isso é um personagem que é bem escrito.
Jurassic Park não é apenas um filme; é um farol de inspiração para todos aqueles que sonham em contar histórias visualmente cativantes. Quem não ficou fascinado com a ideia de criar mundos incríveis e cativar o público de maneira tão intensa quanto Spielberg fez? O filme mostrou a capacidade de transformar imaginação em realidade, impulsionando muitos aspirantes a cineastas a perseguirem seus próprios sonhos.